domingo, 5 de fevereiro de 2012

Diabetes

Devidamente tratada, a diabetes não impede o doente de ter uma vida perfeitamente normal e autónoma. Contudo, é fundamental que o diabético se ajude a si mesmo, autocontrolando a sua doença. Aliás, se o doente for determinado neste papel de autovigilância, a sua vida ficará muito facilitada.
O que é a diabetes?
A diabetes é uma doença crónica que se caracteriza pelo aumento dos níveis de açúcar (glicose) no sangue e pela incapacidade do organismo em transformar toda a glicose proveniente dos alimentos. À quantidade de glicose no sangue chama-se glicemia e quando esta aumenta diz-se que o doente está com hiperglicemia.
Quem está em risco de ser diabético?
A diabetes é uma doença em crescimento, que atinge cada vez mais pessoas em todo o mundo e em idades mais jovens. No entanto, há grupos de risco com fortes probabilidades de se tornarem diabéticos:
·         Pessoas com familiares directos com diabetes;
·         Homens e mulheres obesos;
·         Homens e mulheres com tensão arterial alta ou níveis elevados de colesterol no sangue;
·         Mulheres que contraíram a diabetes gestacional na gravidez;
·         Crianças com peso igual ou superior a quatro quilogramas à nascença;
·         Doentes com problemas no pâncreas ou com doenças endócrinas.
Quais são os sintomas típicos da diabetes?
Nos adultos - A diabetes é, geralmente, do tipo 2 e manifesta-se através dos seguintes sintomas:
·         Urinar em grande quantidade e muitas mais vezes, especialmente durante a noite (poliúria);
·         Sede constante e intensa (polidipsia);
·         Fome constante e difícil de saciar (polifagia);
·         Fadiga;
·         Comichão (prurido) no corpo, designadamente nos órgãos genitais;
·         Visão turva.
Nas crianças e jovens - A diabetes é quase sempre do tipo 1 e aparece de maneira súbita, sendo os sintomas muito nítidos. Entre eles encontram-se:
·         Urinar muito, podendo voltar a urinar na cama;
·         Ter muita sede;
·         Emagrecer rapidamente;
·         Grande fadiga, associada a dores musculares intensas;
·         Comer muito sem nada aproveitar;
·         Dores de cabeça, náuseas e vómitos.
É importante ter presente que os sintomas da diabetes nas crianças e nos jovens são muito nítidos. Nos adultos, a diabetes não se manifesta tão claramente, sobretudo no início, motivo pelo qual pode passar despercebida durante alguns anos.
Os sintomas surgem com maior intensidade quando a glicemia está muito elevada. E, nestes casos, podem já existir complicações (na visão, por exemplo) quando se detecta a doença.
Como se diagnostica a diabetes?
Se sentir alguns ou vários dos sintomas deve consultar o médico do centro de saúde da sua área de residência, o qual lhe pedirá para realizar análises ao sangue e à urina.
Pode ser diabético...
·         Se tiver uma glicemia ocasional de 200 miligramas por decilitro ou superior com sintomas;
·         Se tiver uma glicemia em jejum (oito horas) de 126 miligramas por decilitro ou superior em duas ocasiões separadas de curto espaço de tempo.
Que tipos de diabetes existem?
·         Diabetes Tipo 2 (Diabetes Não Insulino-Dependente) - É a mais frequente (90 por cento dos casos).
O pâncreas produz insulina, mas as células do organismo oferecem resistência à acção da insulina. O pâncreas vê-se, assim, obrigado a trabalhar cada vez mais, até que a insulina produzida se torna insuficiente e o organismo tem cada vez mais dificuldade em absorver o açúcar proveniente dos alimentos.
Este tipo de diabetes aparece normalmente na idade adulta e o seu tratamento, na maioria dos casos, consiste na adopção duma dieta alimentar, por forma a normalizar os níveis de açúcar no sangue. Recomenda-se também a actividade física regular.
Caso não consiga controlar a diabetes através de dieta e actividade física regular, o doente deve recorrer a medicação específica e, em certos casos, ao uso da insulina. Neste caso deve consultar sempre o seu médico.
·         Diabetes Tipo 1 (Diabetes Insulino-Dependente) - É mais rara.
O pâncreas produz insulina em quantidade insuficiente ou em qualidade deficiente ou ambas as situações. Como resultado, as células do organismo não conseguem absorver, do sangue, o açúcar necessário, ainda que o seu nível se mantenha elevado e seja expelido para a urina.
Contrariamente à diabetes tipo 2, a diabetes tipo 1 aparece com maior frequência nas crianças e nos jovens, podendo também aparecer em adultos e até em idosos.
Não está directamente relacionada, como no caso da diabetes tipo 2, com hábitos de vida ou de alimentação errados, mas sim com a manifesta falta de insulina. Os doentes necessitam de uma terapêutica com insulina para toda a vida, porque o pâncreas deixa de a produzir, devendo ser acompanhados em permanência pelo médico e outros profissionais de saúde.
·         Diabetes Gestacional - Surge durante a gravidez e desaparece, habitualmente, quando concluído o período de gestação. No entanto, é fundamental que as grávidas diabéticas tomem medidas de precaução para evitar que a diabetes do tipo 2 se instale mais tarde no seu organismo.
A diabetes gestacional requer muita atenção, sendo fundamental que, depois de detectada a hiperglicemia, seja corrigida com a adopção duma dieta apropriada. Quando esta não é suficiente, há que recorrer, com a ajuda do médico, ao uso da insulina, para que a gravidez decorra sem problemas para a mãe e para o bebé.
Uma em cada 20 grávidas pode sofrer desta forma de diabetes.
Outras complicações associadas à diabetes
·         Retinopatia - lesão da retina;
·         Nefropatia - lesão renal;
·         Neuropatia - lesão nos nervos do organismo;
·         Macroangiopatia - doença coronária, cerebral e dos membros inferiores;
·         Hipertensão arterial;
·         Hipoglicemia - baixa do açúcar no sangue;
·         Hiperglicemia - nível elevado de açúcar no sangue;
·         Lípidos no sangue - gorduras no sangue;
·         Pé diabético - arteriopatia, neuropatia;
·         Doenças cardiovasculares - angina de peito, ataques cardíacos e acidentes vasculares cerebrais;
·         Obstrução arterial periférica - perturbação da circulação, por exemplo nas pernas e nos pés;
·         Disfunção e impotência sexual - a primeira manifesta-se de diferentes formas em ambos os sexos;
·         Infecções diversas e persistentes - boca e gengivas, infecções urinárias, infecções das cicatrizes depois das cirurgias.
Como se trata a diabetes?
·         Diabetes tipo 1 – Os doentes podem ter uma vida saudável, plena e sem grandes limitações, bastando que façam o tratamento prescrito pelo médico correctamente.
O objectivo do tratamento é manter o açúcar (glicose) no sangue o mais próximo possível dos valores considerados normais (bom controlo da diabetes) para que se sintam bem e sem nenhum sintoma da doença. Serve ainda para prevenir o desenvolvimento das manifestações tardias da doença e ainda para diminuir o risco das descompensações agudas, nomeadamente da hiperglicemia e da cetoacidose (acidez do sangue).
Este tratamento, que deve ser acompanhado obrigatoriamente pelo médico de família, engloba três vertentes fundamentais: adopção de uma dieta alimentar adequada, prática regular de exercício físico e o uso da insulina.
·         Diabetes tipo 2 - O tratamento é semelhante mas, devido à menor perigosidade da doença, a maioria das vezes basta que a alimentação seja adequada e que o exercício físico passe a fazer parte da rotina diária para que, com a ajuda de outros medicamentos específicos (que não a insulina), a diabetes consiga ser perfeitamente controlada pelo doente e pelo médico.
Os medicamentos usados no tratamento deste tipo de diabetes são geralmente fármacos (comprimidos) que actuam no pâncreas, estimulando a produção de insulina.
Seguindo uma alimentação correcta e adequada, praticando exercício físico diário e respeitando a toma dos comprimidos indicada pelo médico, um doente com diabetes tipo 2 garante a diminuição do risco de tromboses e ataques cardíacos; a prevenção de doenças nos olhos e nos rins e da má circulação nas pernas e nos pés, factor que diminui significativamente o risco de amputações futuras.
O que é a insulina?
A insulina é uma hormonal hipoglicemiante segregada pelas células beta dos ilhéus de Langerhans do pâncreas, que é usada no tratamento dos doentes diabéticos. Pode ser obtida a partir do pâncreas do porco ou feita quimicamente e de forma idêntica à insulina humana através do uso de tecnologia do DNA recombinante ou da modificação química da insulina do porco.
Em Portugal só é comercializada insulina igual à insulina humana, produzida com recurso a técnicas de engenharia genética, sendo as reacções alérgicas muito raras em virtude da sua grande pureza. No mercado estão disponíveis diversas concentrações de insulina. No nosso país, só se encontra disponível a concentração U-100 (1ml=100 unidades).
Por que é que a insulina é necessária para o tratamento da diabetes tipo 1?
Porque, nos doentes com a diabetes tipo 1, as células do pâncreas que produzem insulina foram destruídas, motivo pelo qual este produz muito pouca ou nenhuma insulina. Como sem insulina não se pode viver, a administração de insulina produzida laboratorialmente é um tratamento imprescindível de substituição.
Como se usa a insulina?
O tratamento com insulina é feito através de injecção na gordura por baixo da pele ou através da utilização da bomba de perfusão subcutânea de insulina.
Até à data o desenvolvimento científico ainda não conseguiu produzir nenhuma forma de insulina que possa ser tomada por via oral, uma vez que o estômago a destrói automaticamente.
Insulina injectável
Por ser injectável, é necessário que o doente tenha atenção ao modo como manuseia a insulina. Deve ter os seguintes cuidados:
·         Colocar a cápsula de protecção sem tocar na agulha após a utilização da seringa/caneta;
·         Guardar a seringa/caneta à temperatura ambiente;
·         Não utilizar a seringa ou a agulha da caneta se estas estiverem rombas;
·         Não limpar a agulha com álcool;
·         Manter a cápsula quando inutilizar a seringa/caneta e ter muito cuidado na sua eliminação.
Onde se injecta a insulina?
A insulina pode ser injectada na região abdominal, nas coxas, nos braços e nas nádegas. A parede abdominal é o local de eleição para uma mais breve absorção da insulina de acção rápida. Deve ser usada para as injecções realizadas durante o dia. A coxa utiliza-se preferencialmente para as injecções de insulina de acção intermédia, sendo a região das nádegas uma boa alternativa.
Deve proceder-se à rotação dos locais onde se administra a injecção, de forma a evitar a formação de nódulos, porque estes podem interferir na absorção da insulina.
Como conservar a insulina?
Os frascos de insulina, as cargas instaladas nas canetas e as seringas pré-cheias descartáveis em uso devem ser conservados à temperatura ambiente, mas afastados da luz solar directa e de locais como a televisão e o porta-luvas do carro.
Bomba de perfusão subcutânea de insulina 
Este método terapêutico visa adequar a insulinoterapia a padrões de vida intensivos com motivação para a monitorização, a situações de gravidez ou de má tolerância a terapias intensivas com múltiplas administrações de insulina e, ainda, a casos de hipoglicemias severas frequentes. 
As pessoas com diabetes tipo 1 podem candidatar-se à utilização da bomba de perfusão subcutânea de insulina. Para tal, basta dirigirem-se aos Centros de Tratamento e serem eleitas para a disponibilização do referido aparelho. 
Onde me posso informar sobre os Centros de Tratamento?
Os centros de tratamento são aprovados pela Direcção-Geral da Saúde, mediante candidatura espontânea de hospitais do Serviço Nacional de Saúde e de entidades com acordos/contratos estabelecidos nesta área com o Serviço Nacional de Saúde.  
Neste momento, estão aprovados:
·         Unidade Local de Saúde de Matosinhos;
·         Centro Hospitalar do Porto - Hospital Geral de Santo António;
·         Hospital de São João;
·         Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho;
·         Centro Hospitalar Universitário de Coimbra - Hospital Pediátrico;
·         Centro Hospitalar Universitário de Coimbra - Hospitais da Universidade de Coimbra;
·         Centro Hospitalar de Torres Vedras;
·         Centro Hospitalar Lisboa Norte - Hospital Santa Maria;
·         Hospital Curry Cabral;
·         Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal
Quais são os critérios de elegibilidade dos doentes para o tratamento para perfusão subcutânea contínua de insulina? 
A elegibilidade dos doentes para este tipo de tratamento exige uma adequada validação das suas características. No entanto, existe um requisito fundamental e comum a todos os doentes seleccionados: haver motivação e prática de auto-monitorização da glicemia capilar, bem como competência na sua utilização de forma satisfatória (por parte das pessoas com diabetes tipo 1 e seus familiares no caso das crianças), uma vez que o ajuste da dose de insulina deve ser efectuado de forma progressiva e auto-monitorizada. 
Entre os requisitos (não cumulativos), figuram ainda a necessidade de flexibilidade no estilo de vida e de pequenas doses de insulina, bem como situações de gravidez.
O que significa ter a diabetes controlada?
Significa que os níveis de açúcar no sangue se encontram dentro dos parâmetros definidos pelos especialistas. É o médico que, de acordo com factores como a idade, tipo de vida, actividade e existência de outras doenças, define quais os valores de glicemia que o doente deve ter em jejum e depois das refeições.
Convém lembrar-se de que os valores do açúcar no sangue variam ao longo do dia, motivo pelo qual se fala em limites mínimos e limites máximos.
Como se sabe se a diabetes está controlada?
Diariamente, é o doente que se analisa e vigia a si próprio, quer através do seguimento da alimentação correcta e da prática de exercício, quer da realização de testes ao sangue e à urina em sua casa.
São justamente os testes realizados diariamente pelo doente que permitem saber se o açúcar no sangue está elevado, baixo ou normal e que, posteriormente, lhe permitem o ajustamento de todo o tratamento.
Consequentemente, a melhor forma de saber se a diabetes se encontra ou não controlada é realizando testes de glicemia capilar (picada no dedo) diariamente e várias vezes ao dia.
Se os valores estiverem dentro dos limites indicados pelo médico, a diabetes está controlada. Se não, o doente deve consultar o médico assistente.
Como prevenir a diabetes?
·         Controlo rigoroso da glicemia, da tensão arterial e dos lípidos;
·         Vigilância dos órgãos mais sensíveis, como a retina, rim, coração, nervos periféricos, entre outros;
·         Bons hábitos alimentares;
·         Prática de exercício físico;
·         Não fumar;
·         Cuidar da higiene e vigilância dos pés.
Que direitos têm os doentes diabéticos?
·         Um plano de tratamento e objectivos de autocuidado
·         Aconselhamento personalizado sobre a alimentação adequada;
·         Aconselhamento sobre a actividade física adequada;
·         Indicação sobre a dosagem e o horário da medicação e ainda sobre como adequar as doses com base na autovigilância;
·         Indicação sobre os objectivos para o seu peso, glicemia, lípidos no sangue e tensão arterial;
·         Análises laboratoriais regulares para controlo metabólico e do seu estado físico
·         Revisão, pela equipa de saúde, dos resultados da autovigilância e do tratamento corrente, em cada contacto com profissionais da equipa;
·         Análise, revisão e alteração, sempre que necessário, dos objectivos de autovigilância;
·         Ajuda e esclarecimento;
·         Educação terapêutica contínua;
·         Verificação, pela equipa de saúde, do seu controlo;
·         Verificação, se necessário, do peso, tensão arterial e dos lípidos sanguíneos;
·         Avaliação anual dos olhos e da visão, dos pés, da função renal, dos factores de risco para doenças cardíacas, das técnicas de autovigilância e de injecção e dos hábitos alimentares;
·         Tratamento de problemas especiais e emergências
·         Conselhos e cuidados às mulheres que desejem engravidar;
·         Acompanhamento especializado na gravidez e no parto;
·         Conselhos e cuidados a crianças, adolescentes e às suas famílias;
·         Acessibilidade adequada a cuidados especializados, em caso de problemas nos olhos, nos rins, nos pés, nos vasos sanguíneos ou no coração;
·         Acompanhamento adequado à pessoa idosa;
·         Educação terapêutica para o doente e para a sua família
·         O porquê da necessidade de controlo dos níveis de glicemia;
·         Como controlar os níveis de glicemia através de uma alimentação adequada, actividade física adaptada e tratamento com medicação oral e/ou insulina;
·         Como avaliar o seu controlo através de testes de sangue e/ou urina (autovigilância) e actuar face aos resultados (autocontrolo);
·         Quais os sintomas de aumento dos níveis de glicose e acetona, como prevenir e tratar;
·         Quais os sintomas de descida do nível de glicose, como prevenir e tratar;
·         O que fazer quando está doente;
·         Prevenção e tratamento das possíveis complicações crónicas, incluindo lesões nos olhos, nos rins, nos pés e o endurecimento das artérias;
·         Como lidar com o exercício físico, com as viagens e com outras situações sociais ou de lazer;
·         Como actuar perante eventuais problemas de emprego, serviço militar, seguros, licença de condução automóvel, entre outros;
·         Informação sobre o suporte social e económico existente, para que o diabético tenha os direitos sociais (emprego, reforma e outros) que as suas capacidades e habilitações possibilitem, sem qualquer tipo de restrição ou discriminação.
Quais são os deveres dos diabéticos?
Para que a vida se prolongue e a diabetes não seja um impedimento ao usufruto de uma vida normal, o diabético deve:
·         Assumir comportamentos que o conduzam permanentemente à obtenção de ganhos de saúde e que contribuam para o seu autocontrolo
·         Predispor-se a aprender continuamente a controlar a sua diabetes;
·         Tentar ser autónomo, praticando o seu próprio autocontrolo;
·         Examinar regularmente os pés;
·         Tentar seguir um estilo de vida saudável;
·         Controlar o peso;
·         Praticar actividade física regular;
·         Evitar o tabaco;
·         Esclarecer-se sobre quando e como contactar a equipa de saúde em situação de urgência ou de emergência;
·         Contactar a equipa de saúde sempre que sinta necessidade e até que fique esclarecido sobre as questões que o preocupam;
·         Entrar em contacto e conversar com outras pessoas que tenham a diabetes e com associações locais ou nacionais de doentes diabéticos;
·         Assegurar que a família, amigos e colegas de trabalho se encontram esclarecidos sobre as necessidades da diabetes;
·         Controlar diariamente a sua diabetes, desempenhando um papel activo no seu tratamento
·         Fazer a sua autovigilância e adaptando o tratamento aos resultados – autocontrolo;
·         Tomar correctamente a medicação;
·         Examinar e cuidar dos pés;
·         Contactar a equipa de saúde se verificar que está mal controlado ou se apresentar hipoglicemias graves, ou ainda se surgirem sintomas de infecção;
·         Evitar desperdícios dos recursos comuns existentes, de forma a contribuir para a manutenção e, se possível, aumento dos seus direitos
·         Cumprir o plano de vigilância e terapêutica;
·         Usar correctamente os materiais de controlo e tratamento;
·         Usar adequadamente os serviços de saúde;
·         Utilizar correctamente o Guia do Diabético disponibilizado pelo seu médico assistente e ajudar os outros diabéticos a fazê-lo também.
Em suma, olhe por si próprio, ajude os profissionais a cuidar bem da sua saúde, seguindo conselhos tão simples e práticos como os seguintes:
·         Pratique exercício com regularidade;
·         Não fume;
·         Vigie bem a sua diabetes;
·         Não engorde;
·         Controle a tensão arterial;
·         Mantenha os níveis de colesterol e triglicéridos controlados e dentro dos parâmetros aconselhados pelos médicos.
Onde procurar ajuda?
No centro de saúde da sua área de residência, onde deverá contactar o seu médico de família. 


Será que posso vir a ter diabetes? Aprenda a cuidar de si (Cartaz Direcção-Geral da Saúde e parceiros)

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Baixa de açúcar e “quebra” de tensão

Paula Veloso*


Chama-se baixa de açúcar ou hipoglicemia quando os valores da glicose (açúcar) no sangue são iguais ou inferiores a 60 mg/dl. Embora na maioria dos casos não se tenha à mão um medidor da glicose sanguínea, é importante saber avaliar os seus sintomas para que a situação se possa corrigir rapidamente.

Alguns pacientes relatam-me que por vezes sofrem uma quebra de tensão, associando-a a sintomas como tremuras, fraqueza, tonturas ou sensação de desmaio. No entanto, na generalidade dos casos, esses sintomas resultam de uma baixa de açúcar e não de uma quebra de tensão, embora em certos casos a primeira possa provocar a segunda.

Chama-se baixa de açúcar ou hipoglicemia quando os valores da glicose (açúcar) no sangue são iguais ou inferiores a 60 mg/dl. Embora na maioria dos casos não se tenha à mão um medidor da glicose sanguínea, é importante saber avaliar os seus sintomas para que a situação se possa corrigir rapidamente. Há situações mais ou menos graves e podem manifestar-se quer em doentes diabéticos quer em pessoas quem não sofrem desta patologia.

Uma baixa de açúcar ligeira origina alguns sintomas desagradáveis como suores, fome, tremuras, ou falta de forças, mas uma baixa de açúcar grave e prolongada pode provocar coma e até a morte se não for tratada atempadamente, uma vez que a glicose é o alimento primordial do cérebro e se esta não lhe for facultada com a devida regularidade poderá conduzir a alterações cerebrais graves.

Os casos mais graves verificam-se habitualmente em doentes diabéticos e nos insulinodependentes e estão habitualmente relacionados com uma inadequada ingestão alimentar ou exercício físico excessivo relativamente à dose habitual de insulina. Constato com frequência, que nos diabéticos não dependentes de insulina a preocupação é tomarem os hipoglicemiantes orais (comprimidos para baixar o teor de açúcar no sangue) não se preocupando, muitas vezes, com o que comem e com os horários das refeições. Se tomam comprimidos para baixar o açúcar no sangue e este, porque não foi feita uma refeição no tempo certo, já estava baixo, baixará ainda mais, podendo surgir sintomas de hipoglicemia. Por isso, sobretudo nos doentes diabéticos, quer sejam ou não dependentes de insulina, a alimentação é um ponto fundamental no seu tratamento e não pode, em caso algum, ser menosprezada ou negligenciada. Infelizmente constato que, não raras vezes, os doentes são medicados para esta doença, mas muito pouco informados no que respeita ao número, horas e composição das suas refeições.

Nas outras pessoas a quem não foi diagnosticada diabetes, sintomas semelhantes podem surgir quando estão muitas horas sem comer. Embora o organismo tenha mecanismos de compensação para colocar a glicose no sangue a partir de reservas que existem no fígado, a verdade é que as reservas hepáticas deste nutriente não duram sempre e nem sempre o sistema funciona na perfeição. Por isso, o melhor remédio está em prevenir esses episódios.

Como fazê-lo?
Tal como se deve recomendar aos doentes diabéticos, todas as pessoas deverão comer respeitando intervalos entre as refeições que não devem ser superiores a três horas e meia, ingerindo as quantidades de alimentos estritamente necessárias à manutenção de um peso saudável e em que os hidratos de carbono de absorção lenta contribuam com pelo menos 50% do total calórico. Por isso, mesmo quando se pretende emagrecer, os hidratos de carbono são obrigatórios!

O que fazer se as hipoglicemias são frequentes?
Quando se sofre pontualmente de hipoglicemias porque houve uma desatenção ou um qualquer impedimento para comer no intervalo desejado, dois pacotes de açúcar ou um sumo de fruta natural ou de garrafa que contenha açúcares de absorção rápida deverão solucionar o problema acabando com os sintomas. Se fizer uma refeição os sintomas desaparecerão também, contudo esse processo será muito mais demorado.

Se sofre de hipoglicemia com frequência ou a seguir às refeições, deverá consultar o seu médico para despistar possíveis causas para o problema. Se o fizer, poderá ajudar o clínico a fazer melhor o diagnóstico se lhe levar anotadas algumas informações dos seus hábitos e sintomas:
- Faça um diário alimentar durante pelo menos um mês, registando tudo o que comeu e bebeu e a que horas o fez;
- Se pratica exercício físico ou o faz esporadicamente, anote-o também, especificando o tipo de exercício e a sua duração;
- Registe nesse mesmo diário o que sentiu (sintomas) e a que hora do dia;
- Se tiver alguma outra ideia do que os pode ter provocado, registe-a também;
- Escreva todos os medicamentos que estiver a tomar, se for caso disso.

A hipoglicemia não é uma doença mas pode ser o resultado de uma doença ou de hábitos de vida errados e pouco saudáveis que poderá melhorar.


in: http://www.educare.pt/educare/Opiniao.Artigo.aspx?contentid=AFE1FF4B33504B2EE0400A0AB8003C4A&channelid=AFE1FF4B33504B2EE0400A0AB8003C4A&schemaid=&opsel=2


PAULA VELOSO Nutricionista e autora de Dietas sem Dieta e Dieta sem Castigo.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

"Viciados em açúcar"


Paula Veloso* | 01-02-2012

Há mesmo alguns estudos com ratinhos que sugerem que quando estes animais ingerem grandes quantidades de açúcar os seus cérebros podem sofrer alterações semelhantes às que experimentam as pessoas que dependem de heroína ou cocaína.

O termo poderá parecer exagerado mas, para algumas pessoas, a apetência por doces é tão grande que torna incontrolável a ingestão dos mesmos. Ou seja, mesmo que pense que isso lhe poderá trazer ou agravar problemas de peso ou de saúde e que a sua ingestão tenha como consequência um inevitável sentimento de culpa, é, mais do que um capricho, uma necessidade premente de ingerir doces e por isso muitas vezes comparada com a dependência de drogas. No fundo, ao ter consciência perfeita de que os doces, ou o excesso de açúcar, não devem ser consumidos com frequência pelas consequências que podem ter a nível da saúde, mas não conseguir de todo evitá-lo, será, de certo, uma forma de dependência - a dependência de doces...

Há mesmo alguns estudos com ratinhos que sugerem que quando estes animais ingerem grandes quantidades de açúcar os seus cérebros podem sofrer alterações semelhantes às que experimentam as pessoas que dependem de heroína ou cocaína.

Por isso, a dependência por doces não se define apenas por se pensar frequentemente em comê-los, mas antes por ser uma espécie de compulsão, uma necessidade premente de satisfazer esse desejo rapidamente.

Ao longo de vinte e um anos de prática clínica continuo a constatar que não existe um padrão uniforme de comportamento no que ao consumo de doces diz respeito. Para alguns, basta uma pequena quantidade de açúcar (género rebuçado), para acalmar o desejo. Para outros, é prioritário comer uma vez por dia um bolo ou um pastel de nata como companhia do café.

Outros ainda, dizem-se muito gulosos mas aguentam-se bem até ao fim de semana onde, aí sim, já não resistem a uma fatia de bolo, de pudim, ou congénere. Há ainda os que não resistem ao chocolate, mas enquanto que algumas pessoas ficam satisfeitas com um ou dois quadradinhos, outras acabam por comer o chocolate inteiro quando começam. Há ainda muita gente, incluindo crianças, que não consegue beber água porque se habituou a ingerir refrigerantes e não dispensa o sabor doce nas bebidas, seja às refeições ou fora delas.

O açúcar não é proibido desde que não ultrapasse 10% das calorias diárias, mas é importante saber que não chega contar as colheres de açúcar que temperam o leite, o café ou o chá. Uma lata de 300 ml de refrigerante, com excepção das variantes light, pode conter o equivalente a 5 ou 6 pacotes de açúcar. Um pacotinho de leite com chocolate de 200 ml pode conter cerca de 4 pacotes de açúcar. Ele existe também em muitos preparados alimentares desde molhos, a sopas, enlatados, etc.É por isso muito fácil ultrapassar as quantidades recomendadas sem nos darmos conta disso. Para os viciados em açúcar, o exagero é diário e praticado ao longo dos anos e pode provocar danos graves na saúde de quem o consome.

Consequências do consumo excessivo de açúcar
Embora não sendo um responsável direto pelo aparecimento da diabetes, o aumento de açúcar no sangue obriga a uma libertação de insulina para que o seu valor volte rapidamente ao normal e, sobretudo para quem tem antecedentes diabéticos, a sobrecarga sobre o pâncreas poderá conduzir a uma resistência à insulina, com sintomas semelhantes à diabetes ou mesmo ao aparecimento de diabetes do tipo 2. Devido a esta resposta rápida insulínica para controlar os níveis de glicose no sangue, os alimentos muito açucarados poderão provocar uma sensação de fome mais rápida do que os que têm um teor baixo desta substância.

Uma vez que fornece apenas calorias vazias, ou seja, não fornece ao organismo qualquer outro nutriente, não poderá substituir outros alimentos que contêm na sua constituição proteínas, vitaminas, minerais, hidratos de carbono ou gordura e que são fundamentais à formação e manutenção das estruturas orgânicas. Por isso, a sua utilização será quase sempre para além do necessário e implicará, pelo excesso calórico que provoca, uma aumento gradual do peso.

O consumo excessivo de açúcar está também associado a uma diminuição do sistema imunitário que o associa a doenças infeciosas ou ao aumento dos triglicerídeos no sangue que, tal qual o colesterol, são responsáveis por um maior risco de doenças cardiovasculares.

Conselho: se não prescinde de algum alimento doce no seu dia-a-dia, consulte um nutricionista para que este o possa incluir na sua alimentação diária sem que isso lhe traga graves consequências para o peso e para a saúde. Porque a saúde mental também conta e muito…


* PAULA VELOSO Nutricionista e autora de Dietas sem Dieta e Dieta sem Castigo

Vigorexia - Obsessão por músculos

Adriana Campos* | 01-02-2012

Muitos jovens (e também adultos), vivem como que obcecados por treinos de musculação a que, aos poucos, vão associando produtos para o desenvolvimento dos músculos.

Harrison G. Pope, Jr, da Faculdade de Medicina de Harvard - Massachusetts realizou estudos em três países sobre a imagem que os homens teriam deles próprios, sobre a imagem que achariam ideal para si e sobre a imagem que acreditam que as mulheres preferem. Os resultados mostram que a escolha do corpo ideal foi em média de, aproximadamente, 13 quilos a mais de massa muscular do que eles tinham. Também estimaram que as mulheres preferiam um corpo masculino com aproximadamente 14 quilos de massa muscular a mais do que eles efetivamente possuíam. Num estudo-piloto paralelo, entretanto, o autor constatou que as mulheres preferiam, de facto, um corpo masculino comum e sem os músculos adicionais que os homens pensavam ser necessários. Como conclusão, Pope atestou a grande discrepância entre o estado real e o ideal muscular dos homens.

Muitos jovens (e também adultos), vivem como que obcecados por treinos de musculação a que, aos poucos, vão associando produtos para o desenvolvimento dos músculos. Tal prática acarreta muitos perigos para a saúde, em vez de, como poderão afirmar os praticantes dessa modalidade, contribuir para um corpo mais são.

O psiquiatra americano Harrisom G. Pope foi o primeiro a usar o termo Vigorexia ou Síndrome de Adónis. A vigorexia é uma perturbação emocional caracterizada pela obsessão em ser musculado, sendo mais comum no sexo masculino. O seu início é, geralmente, coincidente com o final da adolescência, período em que a insatisfação com o corpo é típica e os ditames da cultura têm um grande peso.

Apesar de os portadores deste transtorno serem bastante musculados, percecionam o seu corpo de uma forma distorcida, considerando-se magros. A preocupação com o aumento da massa muscular torna-se o centro da sua existência, sendo por isso quase compelidos a frequentar o ginásio durante um elevado número de horas e a ingerir substâncias que potenciam o aumento da massa muscular.

Não é por acaso que anorexia rima com vigorexia; efetivamente as duas doenças tem aspetos comuns. Em ambas está presente a preocupação exagerada com o próprio corpo e a distorção da imagem que os pacientes têm de si mesmos: os anoréxicos nunca se acham suficientemente magros, ao passo que os vigoréxicos nunca se consideram suficientemente musculosos. Para além destas, existem outras características comuns, tais como: baixa autoestima, personalidade introvertida, alterações ao nível do comportamento alimentar e tendência para a automedicação.

Associadas a esta perturbação, também designada como overtraining, manifestam-se várias consequências, nomeadamente reações típicas das situações de stress, tais como: insónia, falta de apetite, irritabilidade, cansaço permanente, desinteresse sexual e dificuldade de concentração. A vigorexia causa também problemas físicos e estéticos, tais como desproporção displástica, problemas ósseos e articulares, falta de agilidade, entre outros. Os problemas de ordem física são ainda maiores sempre que a obsessão por "melhores resultados" leva ao consumo de esteroides e anabolizantes. O consumo deste tipo de substâncias conduz ao aumento do risco de doenças cardiovasculares, lesões hepáticas, disfunções sexuais, diminuição do tamanho dos testículos e maior propensão para o cancro da próstata.

Segundo estudos realizados, embora a vigorexia seja potenciada pelos padrões culturais vigentes, constatam-se desequilíbrios ao nível dos neurotransmissores, mais concretamente da serotonina. Por este motivo, no tratamento desta patologia pode recorrer-se a fármacos. A este tipo de tratamento é fundamental associar a psicoterapia para a que estes indivíduos recuperem a sua autoestima e superem o medo do fracasso social.

in: http://www.educare.pt/educare/Detail.aspx?contentid=AFE1FF4B59EF4B2EE0400A0AB8003C4A&channelid=FB1E151EFC02264FAA334EBDFF922FA2&schemaid&opsel=2



* ADRIANA CAMPOS Licenciada em Psicologia, pela Universidade do Porto, na área de Consulta Psicológica de Jovens e Adultos, e mestre em Psicologia Escolar. Concluiu vários cursos de especialização na área da Psicologia, entre os quais um curso de pós-graduação em Psicopatologia do Desenvolvimento, na UCAE. Atualmente, é psicóloga na Escola Básica de Leça da Palmeira, para além de dinamizar ações de formação em diversas áreas