As famílias portuguesas com menos rendimentos e menores
graus de escolaridade tendem a ter maiores prevalências de obesidade e de
diabetes, alerta o diretor do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação
Saudável.
Pedro Graça baseia-se em estudos feitos em Portugal que diz
refletirem resultados muitos semelhantes aos encontrados em outros países
europeus e ocidentais. Uma dessas análises mostra que o risco de ser obeso
duplica quando se passa de 10 a 12 anos de escolaridade para até quatro anos de
escolaridade.
«A obesidade pode surgir como mais um dos aspetos das
desigualdades sociais, com maiores prevalências em populações com maior
vulnerabilidade económica. As situações de carência económica podem coexistir
com situações de obesidade», adiantou à agência Lusa o nutricionista, presente
nesta terça-feira no seminário «As desigualdades sociais e o risco de
diabetes», em Lisboa.
O acesso fácil a produtos alimentares baratos que são ricos
em energia, mas pobres em nutrientes, contribui para que as famílias com menos
recursos façam uma alimentação menos saudável e que mais contribui para o
excesso de peso.
Ainda não é claro que a crise económica em Portugal vá
agravar os problemas da obesidade, mas é natural que possa vir a acontecer no
entendimento o diretor do programa de alimentação saudável da Direção-Geral da
Saúde.
«Como é que um país se prepara para isto? A maior parte dos
países europeus está ainda pouco preparada para um fenómeno - uma crise - desta
dimensão e para as suas consequências», reconheceu Pedro Graça apontando que
primeiro é necessário informar a população sobre quais os alimentos de base que
não podem faltar num cabaz familiar, mesmo num cenário de contenção ou de
dificuldade económica.
«É apenas um exemplo, mas a proteína do leite ou dos ovos é
mais barata do que a da carne e do peixe», referiu o especialista indicando que
é importante que as famílias saibam que tipos de alimentos devem escolher -
sobretudo quando têm poucos recursos.
Será particularmente importante, considera o perito, que a
informação seja passada de uma forma acessível a pessoas com vários níveis de
escolarização e por vários canais de acesso.