segunda-feira, 11 de novembro de 2013

A dieta mais saudável do mundo


Não será novidade para ninguém que a dieta mediterrânea é considerada a mais saudável do mundo, tendo a aboná-la pelo menos três mil anos de prática.

Por esse motivo, a Espanha solicitou à Comissão Europeia que a dieta mediterrânea venha a ser considerada Património Cultural Não Material da Humanidade e pediu a todos os países da UE que interfiram e apoiem este propósito.

A dieta mediterrânea é a alimentação dos povos da bacia do Mediterrâneo, espécie de oásis com a Natureza em todo o seu esplendor, plena de sol, prados e mar. Tudo isso se reflete na sua culinária repleta de cor, aromas e sabor.

Sabe-se hoje que é a mais adequada para prevenir ou tratar doenças resultantes de uma alimentação excessiva ou desequilibrada. Inúmeros estudos apontam para que os seus seguidores tenham muito menor probabilidade de sofrerem de síndrome metabólico, doença cardíaca ou cancro.

Apesar de Portugal não pertencer aos países mediterrânicos, a verdade é que produz todos os "ingredientes" da sua dieta. Este termo, originado do grego diaita, significava um "regime alimentar racional e metódico, composto por produtos naturais e ecológicos", embora nos nossos dias esteja quase obrigatória e injustamente ligado a dietas para doentes ou de emagrecimento. É tempo de retomar o verdadeiro sentido da palavra e entender que quando se fala em dieta, isso significa a totalidade de alimentos ingeridos ao longo de um dia, integrados num plano alimentar que dê saúde ao corpo e à mente.

O que podemos aproveitar da dieta mediterrânea na nossa alimentação?
Se compararmos a nova Roda dos Alimentos com a Pirâmide Alimentar Mediterrânea podemos notar algumas diferenças, não exatamente nos alimentos representados mas. sobretudo, na frequência com que devem ser consumidos.

As diferenças
• A principal é que a pirâmide se refere ao consumo de alimentos ao longo de um mês enquanto que a Roda se refere à ingestão diária de alimentos (por isso tem a forma redonda, que sugere um prato de comida).
• Na dieta mediterrânea, ovos, carnes brancas, peixe e marisco só algumas vezes por semana e carnes vermelhas 2-3 vezes por mês. Um dos grandes erros da alimentação dos portugueses reside no excesso do consumo de carne, sobretudo de carne vermelha.
• As nozes e outros frutos secos são utilizados na dieta mediterrânea diariamente e como substitutos proteicos da carne, pescado ou ovos. Embora o mesmo fosse desejável para Portugal, por cá estes alimentos são consumidos sobretudo na época natalícia, não lhes sendo reconhecida a sua importância na alimentação diária.
• Os doces são permitidos uma ou outra vez por semana (fim de semana?) o que não acontece na nossa Roda talvez porque esta se refere apenas ao consumo diário de alimentos.
• A nova Roda dos Alimentos centraliza a importância da água no dia a dia, o que não acontece na representação gráfica da dieta mediterrânea.

As semelhanças
• O consumo diário de alimentos "farináceos" como batata, arroz, leguminosas, pão e outros derivados de cereais (grão, feijão, etc.); legumes, fruta e laticínios com baixo teor de gordura é consensual.
• As gorduras como o azeite devem ser consumidas diariamente mas em pequeninas porções, uma vez que têm um valor calórico muito elevado e, em excesso, podem contribuir bastante para o aumento de peso.

No nosso país, produzem-se todos os alimentos necessários a uma alimentação saudável e não precisamos de recorrer a alimentos importados para colmatar as nossas necessidades nutricionais. Precisamos, isso sim, de fazer uma escolha criteriosa daquilo que comemos, aumentando o consumo de alguns alimentos e reduzindo o de outros para que possamos também dizer e sentir que a nossa é a alimentação mais saudável do mundo.


PAULA VELOSO. Nutricionista e autora de Dietas sem Dieta, Dieta sem Castigo e Peso, uma questão de peso.



In: http://www.educare.pt/opiniao/artigo/ver/?id=11698&langid=1

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