quinta-feira, 24 de maio de 2012

O que mudou e pode mudar na alimentação das famílias?


Uma maneira de mudar os hábitos, sobretudo das crianças, seria envolvê-las na preparação das refeições, mas isso não acontece com frequência. Acontece (ou acontecia...) na escola, sobretudo nas escolas promotoras da saúde, mas em casa, pouco.

Por falta de tempo ou de conhecimento para cozinhar rápido, muitas famílias cozinham pouco em casa, e a perda desse hábito é também a causa de se fazer uma alimentação pouco saudável, ou seja, a vida apressada que hoje se leva e o pouco tempo para cozinhar, levam a que haja pouca imaginação e vontade para criar pratos, recorrendo-se muitas vezes a fast food e pratos pré-cozinhados que nem sempre são uma opção muito saudável.

Uma maneira de mudar os hábitos, sobretudo das crianças, seria envolvê-las na preparação das refeições, mas isso não acontece com frequência. Acontece, (ou acontecia...) na escola, sobretudo nas escolas promotoras da saúde, mas em casa, pouco. No entanto, e ao contrário do que seria desejável, as crianças e jovens têm uma participação importante nas compras de casa! Os pais compram muitas vezes sob pressão dos filhos que, por sua vez, sofrem a pressão da publicidade. E, como sabemos, a maioria da publicidade dirigida a crianças não promove propriamente alimentos saudáveis.

Quais as vantagens das crianças aprenderem a cozinhar desde cedo?
Por um lado, envolvê-las em tarefas que lhes deem algum papel de entreajuda familiar. Por outro lado, ao serem incluídas em tarefas que decorrem no interior da cozinha começam, mesmo que involuntariamente, a ser "chamadas" pela cor e pelo cheiro dos alimentos podendo mais facilmente despertar-lhes a vontade de aprender a cozinhar e de experimentar novos pratos e sabores. Além disso, dá-lhes uma maior independência e autonomia dos pais. Muitas mães ainda não compreenderam isto e depois, quando os filhos entram numa faculdade fora do local em que habitam, preparam-lhes previamente as refeições para uma semana para que eles não recorram à comida "industrial pré-cozinhada que, como se sabe, é muitas vezes pouco saudável e nutritiva.

Cozinhar pode ser pretexto para falar sobre os vários ingredientes e alimentos e aspetos ligados aos alimentos e nutrientes saudáveis
No fundo trata-se de os pais cozinharem e comerem de forma saudável para que os seus filhos o façam também. Isso implica falar de todos os alimentos incluídos na "Roda dos Alimentos" e de nenhum em particular. Todos são importantes e o segredo está na variedade. Por isso, incentivar a provar é uma das chaves do sucesso para que gostem e comam de tudo. É necessário transmitir a mensagem de que não há alimentos tão bons que se possam consumir isoladamente nem tão maus que não se possam comer nunca. Uma alimentação que inclua apenas dois ou três alimentos considerados saudáveis deixa de ser saudável porque se corre o risco de carências por omissão de todos os outros, pela monotonia dos nutrientes ingeridos.

É importante ter em conta a idade da criança
Obviamente é importante considerar a idade da criança quando se lhe vai atribuir uma tarefa na cozinha. Cortar com facas, mexer no fogão, sentá-las em bancos altos para preparar alimentos, etc, são gestos que têm de ser pensados para cada situação. Convém também não descurar a higiene pessoal e dos alimentos sempre que se vai cozinhar. Incluir as crianças na preparação das refeições pode ser também uma maneira de lhes pedir sugestões para a confeção de alimentos de que gostem menos. É importante que elas sejam consultadas e que se façam pratos de acordo com o seu gosto e não só pelo gosto do pai... No caso dos adolescentes, programas de jovens "chefs" como o Jamie Oliver, que tem uma atitude de irreverência que "toca" os jovens mas também com grande capacidade de transmitir conceitos simples e práticos, podem ter um grande impacto na modificação dos seus gostos alimentares e na sua atração pela cozinha.

Estou convencida de que estabelecer uma relação "íntima" com os alimentos, permitindo, tocar, mexer e experimentar vários alimentos e ingredientes, fazendo do ato de comer uma estimulação de todos os sentidos e não só do gosto, poderá ajudar a aderir a uma alimentação mais variada. Um prato pode ser muito saboroso, mas se não for atrativo ao olhar, pode nem sequer chegar a ser provado. Também o tato é extraordinariamente importante, daí não ser a mesma coisa comer ostras que se retiram cerimoniosamente da concha ou retirá-las com um palito de um frasco de conserva... Um bom odor e um prato colorido terão muito mais impacto sobre o apetite. A presença de frutas ou legumes coloridos é muito importante para a estimulação visual quer de crianças quer de outras pessoas em que o apetite está diminuído, como nos idosos, por exemplo. E se estes são os alimentos com mais cor e mais ricos em vitaminas, minerais e antioxidantes, são também aqueles que menos engordam.

Com a preocupação com a obesidade infantil, vários programas de saúde alimentar têm sido desenvolvidos nas escolas. A complementaridade com a experiência em casa seria fundamental para alterações de hábitos porque muitos pais, além de terem hábitos alimentares incorretos que praticaram ao longo de muitos anos, não fazem ideia de como fazer uma alimentação saudável uma vez que nunca o aprenderam. E, nesse caso, os próprios filhos poderão ser um importante fator de mudança nos hábitos dos pais e de casa. Por outro lado, quando os pais são informados, fazer uma alimentação equilibrada em casa corrobora aquilo que aprenderam na escola. Daí, estes programas escolares e as escolas promotoras da saúde serem tão importantes. Podem ser a chave para a mudança dos hábitos alimentares de toda a família, desde que as crianças comecem a ser envolvidas na preparação das refeições. Até há pouco tempo, a escola era tudo menos um exemplo de boas práticas e isso não dava credibilidade ao que por lá se ensinava...



In: http://www.educare.pt/educare/Detail.aspx?contentid=BFAA9E884755CEE6E0400A0AB8002B34&channelid=EA94578BA2CC9D42B018D56C7463A20F&schemaid&opsel=2

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