Harrison G. Pope, Jr, da Faculdade de Medicina de Harvard -
Massachusetts realizou estudos em três países sobre a imagem que os homens
teriam deles próprios, sobre a imagem que achariam ideal para si e sobre a
imagem que acreditam que as mulheres preferem. Os resultados mostram que a
escolha do corpo ideal foi em média de, aproximadamente, 13 quilos a mais de
massa muscular do que eles tinham. Também estimaram que as mulheres preferiam
um corpo masculino com aproximadamente 14 quilos de massa muscular a mais do
que eles efetivamente possuíam. Num estudo-piloto paralelo, entretanto, o autor
constatou que as mulheres preferiam, de facto, um corpo masculino comum e sem os
músculos adicionais que os homens pensavam ser necessários. Como conclusão,
Pope atestou a grande discrepância entre o estado real e o ideal muscular dos
homens.
Muitos jovens (e também adultos), vivem como que obcecados
por treinos de musculação a que, aos poucos, vão associando produtos para o
desenvolvimento dos músculos. Tal prática acarreta muitos perigos para a saúde,
em vez de, como poderão afirmar os praticantes dessa modalidade, contribuir
para um corpo mais são.
O psiquiatra americano Harrisom G. Pope foi o primeiro a
usar o termo Vigorexia ou Síndrome de Adónis. A vigorexia é uma perturbação
emocional caracterizada pela obsessão em ser musculado, sendo mais comum no
sexo masculino. O seu início é, geralmente, coincidente com o final da adolescência,
período em que a insatisfação com o corpo é típica e os ditames da cultura têm
um grande peso.
Apesar de os portadores deste transtorno serem bastante
musculados, percecionam o seu corpo de uma forma distorcida, considerando-se
magros. A preocupação com o aumento da massa muscular torna-se o centro da sua
existência, sendo por isso quase compelidos a frequentar o ginásio durante um
elevado número de horas e a ingerir substâncias que potenciam o aumento da
massa muscular.
Não é por acaso que anorexia rima com vigorexia;
efetivamente as duas doenças tem aspetos comuns. Em ambas está presente a
preocupação exagerada com o próprio corpo e a distorção da imagem que os
pacientes têm de si mesmos: os anoréxicos nunca se acham suficientemente
magros, ao passo que os vigoréxicos nunca se consideram suficientemente
musculosos. Para além destas, existem outras características comuns, tais como:
baixa autoestima, personalidade introvertida, alterações ao nível do
comportamento alimentar e tendência para a automedicação.
Associadas a esta perturbação, também designada como overtraining,
manifestam-se várias consequências, nomeadamente reações típicas das situações
de stress, tais como: insónia, falta de apetite, irritabilidade, cansaço
permanente, desinteresse sexual e dificuldade de concentração. A vigorexia
causa também problemas físicos e estéticos, tais como desproporção displástica,
problemas ósseos e articulares, falta de agilidade, entre outros. Os problemas
de ordem física são ainda maiores sempre que a obsessão por "melhores
resultados" leva ao consumo de esteroides e anabolizantes. O consumo deste
tipo de substâncias conduz ao aumento do risco de doenças cardiovasculares,
lesões hepáticas, disfunções sexuais, diminuição do tamanho dos testículos e
maior propensão para o cancro da próstata.
Segundo estudos realizados, embora a vigorexia seja
potenciada pelos padrões culturais vigentes, constatam-se desequilíbrios ao
nível dos neurotransmissores, mais concretamente da serotonina. Por este
motivo, no tratamento desta patologia pode recorrer-se a fármacos. A este tipo
de tratamento é fundamental associar a psicoterapia para a que estes indivíduos
recuperem a sua autoestima e superem o medo do fracasso social.
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